sexta-feira, 27 de fevereiro de 2009

Admiração...

Admirar vem antes de amar. Ninguém ama quem ou o que não admira. Há todo um erotismo em admirar, em valorizar as formas da inteligência, da sensibilidade. Se depois isso se coadunada com pernas, bunda, seios, olhos e boca, ótimo! Contudo, há todo um erotismo antes e depois do erótico. O prazer de construir o castelo das afinidades, de montar o repertório dos gostos, das músicas, dos poemas (meu Deus!, dos poemas!!), dos assuntos em comum. Quanto erotismo há na convivência, no caminhar pela casa, na comida recém-feita, na presença gratuita de cada um na sua, lendo ou passando roupa! Os laços e os nós do cotidiano! Nada que existiria se não houvesse sabores depois dos sabores. Parece simples, mas é tão complexo e inadmissível como afirmar que o amor e o erotismo moram no cérebro e não no coração.

A libido é um mar que nos cobre, nos navega e nos ameaça com seus piratas prontos a nos trair com seus oferecimentos adoráveis, suas musas, suas sereias, suas Iaras cantoras prestes a nos hipnotizar e afogar nas profundezas. A razão, senhora da ordem matemática da vida (por si só outra beleza) da mesma forma ou de outra, também nos oferece um mundo que ou nos salva ou nos abisma. Às vezes, são duas grandezas que se complementam. Noutras, se digladiam até matarem seu hospedeiro, como se fossem dois parasitas da vida. A libido quer prazer, sexo, a preservação genética. A razão quer parceria, a inteligência do outro para dar sentido à sua, a harmonia de um bom papo depois dos corpos desfeitos um sobre o outro. Eros, este deus individualista, irracional, é, em algumas ocasiões, tão inteligente que consegue governar a razão e fazer dela um de seus instrumentos tornando a arte e a poesia, olho e guia dos seus objetivos. Mas só em algumas e raras ocasiões.

Quando, por fim, restam os corpos nus sobre a cama, e olhos felizes exploram os vazios e os cheios, as saliências e reentrâncias, as chaves úmidas escondidas pelo pudor, os corações palpitam num gesto de admirável alegria por poderem poupar ao cérebro a tarefa árdua de querer, de desejar, coisa que corações querem para si. O que nem sempre é pacífico, porque somos sempre os instrumentos anônimos de uma luta inglória entre o desejo e a poesia, entre a natureza e a civilidade, entre a carne e a mente. Só temos um pouco de paz quando Eros se torna em nós, senhor tanto da beleza quanto da ciência.

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sexta-feira, 20 de fevereiro de 2009

Neste Carnaval...Fantasia é Fundamental!

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segunda-feira, 9 de fevereiro de 2009

Sou selvagem devora-me!


Dispo-me de sentimentos
roço nas esquinas da alma
levo espumante para saciar tua pele
entorna-o no meu corpo
lascivo, provocante.

Beija meus lábios de morango
com o chantilly da tua boca,
vem, toma-me como tua
ficarei nua nos teus versos
possui este corpo que te grita

-Sou selvagem devora-me!

Faz do teu corpo o meu lençol,
adoça-me em delírio
sem juízo, sem limites
alaga-me em sorrisos e desejos
como se mais nada importasse...
Faz-me tua, nesta maresia de sentidos,
louca loucura tua, amante.

E sem receio da alma nua,
descobre os segredos contidos
quebra-me a rocha do silêncio e vem
viril, macho, … meu desconhecido.

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